segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Sobre fatos que não dizem respeito aos quatro lados da tigela




Desde que a vida passou a ser um memorial de tantos segmentos, sempre será tempo para chorar a perda de alguém quando a dor e a felicidade desmedida se separam porque alguém rasgou os sonhos guardados por curiosidade sobre fatos que não diziam respeito a nenhum dos quatro lados da tigela. No caminho, pensei sobre  nossas conversas e cheguei a conclusão que não deveria perguntar mais nada. Para mim basta saber que a loba tem olhos cor de âmbar e caça no outono enquanto todos os pardais rodeiam as chaminés das caldeira à vapor. e quem sou eu para julgar o comportamento dos pardais quando sei que o arco Iris pode conter apenas quatro cores; azul, cinza, marrom e preto e a medida que percorro os quatro lados dos feixes de luz tenho cada vez mais a certeza que meu amor não se traduz em nenhuma culpa.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Doce Jully arfante com os raios da estrela azul polar



“ Tudo sobre o que não gostei parece estar marginalizado e sem pernas. Mas, na maior parte do tempo, qualquer um e qualquer coisa ainda vão saber que
deuses e astronautas não podem ser misturados.”




                    Todos que me conhecem sabem o quanto aprecio o aroma do café logo pela manha. Hoje, porém me perdi nos lençóis pensando que ela estaria em algum lugar perto dali, com esse olhar doce. Chamei mas não respondeu. E no silêncio profundo, podia ouvir o som das folhas caindo das bétulas em queda vertiginosa rumo ao solo, como os doces beijos que me dedica. Se você fosse uma folha, gostaria de poder ser o sol para aparecer em meios às nuvens dispersando a neblina e condensando as gotas do orvalho depositada em você como os mais doces beijos em todo o perfil do corpo suave. Entre a revoada de pássaros do arrebol, aturdido com o turbilhão de gorjeios percebi que o seu nome soou entre as cores do arco iris, agora com uma dúzia de tons divididos em luzes angelicais sobre as brasas que queimam como o fogo da paixão consumindo outonos e confundindo todas as cartas do baralho num festival de naipes suspirando pelo dia de amanhã.
                    Já me disse que não vai querer mudar nada e isso é bom. Já me acostumei com o gosto do pão com manteiga e de um fim de semana sem nada para fazer. Também já estava acostumado a voltar sempre para o mesmo lugar, todos os dias, todas as horas em todas as posições. Ai vem você, doce Jully, e olha para mim desnudando minha alma, desconstruindo todas as palavras que pensei jamais poder dizer. Sabe que a solução não esta na adjacência das miragens que aumentam as conchas de madrepérola, matrizes dos sonhos de minha alma.  Bom quando olha assim para o meu interior desnudado e vê entre outros tantos eus lá inquilinos um especial que a agradou. Melhor ainda que esse fosse o último dia de ontem, depois do que os amanhãs sempre serão mais alegres e coloridos. Bom mesmo, doce Jully, quando você olha para mim como se estivesse livrando do passado e não quer mais ver outras sombras, respirando arfante como os raios da estrela no frio polar.





domingo, 8 de novembro de 2015

Tudo o que tem a fazer é ir em frente









“ Um fio da minha barba não vale um cavalo manco. Prefiro caminhar a pé e barbeado.”



          Fico sempre indeciso diante de uma encruzilhada, mesmo simples bifurcação, Dizem que não há como fugir ao destino, mas creio que nem todos os caminhos são predestinados como se nas estradas não houvesse alternativas. Se for verdade que não pode enganar o destino, pode ao menos tentar contemporizar quando se depara com dois caminhos.
          Você tem todas as condições de afastar ou ir em frente ou tentar uma ascensão em curva acentuada virando e correndo para os flancos tomando cuidado para não acessar a entrada de um beco sem saída. Nesse ínterim, pode apitar como locomotiva ou lançar melancólicos uivos como lobo da estepe angustiado com a carestia de lobas cinzentas.
          Há de convir que pior que ter em frente de si uma bifurcação ou encruzilhada é não ter nenhuma estrada obrigado à inversão em marcha a ré ou arremeter um pouso desde que os reveros não estejam acionados e a autoestrada permita a decolagem mesmo sem iluminação adequada. .
          Lembre-se de desligar o celular e não usar o acendedor de cigarros bem com o ler atentamente todas as indicações do painel de comando. Sem isso, a manobra poderá ter sido em vão mesmo em ritmo lento e contínuo, sequer permitindo flash backs sem os quais não possa viver ao menos até que os tons de cinza transformem girassóis em latas de marmelada.

          Não lamente. Forças jamais serão desperdiçadas, o resultado está, próximo e terá tempo de ver os sinais luminosos do check up de rotina. Tudo o que tem a fazer é ir em frente por qualquer um deles. Sua escolha sempre estará certa já que foi predeterminada.